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22/08/2018 - Abusos

Abuso: O problema é maior do que você imagina

Por: Dr Fernando de Freitas

 

As notícias de abuso estão presentes todos os dias em todos os tipos de mídia. As estatísticas são estarrecedoras e não expressam a realidade. Você pode ter certeza disso. Aliás, você tem ideia sobre os vários tipos de abusos existentes? Você foi e é vítima desse problema e nem deve ter consciência do fato. Pior ainda é descobrir que também é um abusador e/ou cúmplice dessa dinâmica.

Afinal, o que é abuso? Por definição, é ir além do uso. Para simplificar, é quando não respeitamos as funções que devemos ter em relação aos outros seres humanos. A origem está na infância, como todos os traumas emocionais que afetam profundamente nossa alma e nossa forma de interpretar as relações humanas e a vida.

A enorme maioria desses absurdos ocorre dentro da própria família, com pessoas que teriam a função de cuidar e orientar as crianças. Ao invés disso, usam os pequenos seres para satisfazer suas perversões e obterem seu prazer doentio.

Se você acredita que isso é o pior, tenho más notícias: não é. O maior problema dos abusados é que eles não têm onde buscar ajuda. Seus pais ou outros familiares que deveriam estar na função de proteção e orientação, não a executam. As vítimas não confiam e não conseguem compartilhar ou perguntar naturalmente dos fatos que as cercam. Muitas vezes elas têm medo do julgamento, da culpa e da punição que sabem, no fundo da alma, que irão ocorrer. Em outros casos, o medo é de causar dor e de levar problemas para seus supostos cuidadores. No fundo, não acreditam que serão cuidadas. Não acreditam que sua família compreenderá.

Os traumas são parte da vida de todos nós. A maior questão não é o fato de sermos vítimas deles. E sim termos a capacidade de elaborar, aprender e criar mecanismos de identificar e evitar a repetição no futuro. Esse é o mecanismo de resiliência. Para isso, é necessário a presença de adultos saudáveis nas relações infantis. Um lugar de segurança que a os menores devem ter para aprender a lidar com a vida real. Só os adultos tem a capacidade de resolver e tomar as atitudes adequadas diante da situação. Portanto, o problema maior não é o fato de ser abusado, e sim o que os adultos pertencentes ao sistema interpretam e fazem com o problema, a criança e o abusador.

No trabalho terapêutico existem três instâncias a serem investigadas e trabalhadas. A primeira é avaliar o ambiente familiar que age como um terreno fértil para a ocorrência do abuso. A segunda é o abuso em si e quem está envolvido ativa e passivamente. O terceiro é a relação da vítima com seus familiares após o abuso.

As notícias de abuso estão presentes todos os dias em todos os tipos de mídia. As estatísticas são estarrecedoras e não expressam a realidade. Você pode ter certeza disso. Aliás, você tem ideia sobre os vários tipos de abusos existentes? Você foi e é vítima desse problema e nem deve ter consciência do fato. Pior ainda é descobrir que também é um abusador e/ou cúmplice dessa dinâmica.

Afinal, o que é abuso? Por definição, é ir além do uso. Para simplificar, é quando não respeitamos as funções que devemos ter em relação aos outros seres humanos. A origem está na infância, como todos os traumas emocionais que afetam profundamente nossa alma e nossa forma de interpretar as relações humanas e a vida.

As notícias que mais nos tocam tem a ver com sexualidade e violência física com crianças. Imediatamente nos colocamos no lugar das vítimas e sentimos o horror, a dor e a fragilidade do menor diante de um ser adulto que tem o poder de fazer o que quiser com o incapaz. Não há como fugir e se libertar da situação. Para sobreviver diante disso, se submete e se adapta da melhor forma que puder.

A enorme maioria desses absurdos ocorre dentro da própria família, com pessoas que teriam a função de cuidar e orientar as crianças. Ao invés disso, usam os pequenos seres para satisfazer suas perversões e obterem seu prazer doentio.

Se você acredita que isso é o pior, tenho más notícias: não é. O maior problema dos abusados é que eles não têm onde buscar ajuda. Seus pais ou outros familiares que deveriam estar na função de proteção e orientação, não a executam. As vítimas não confiam e não conseguem compartilhar ou perguntar naturalmente dos fatos que as cercam. Muitas vezes elas têm medo do julgamento, da culpa e da punição que sabem, no fundo da alma, que irão ocorrer. Em outros casos, o medo é de causar dor e de levar problemas para seus supostos cuidadores. No fundo, não acreditam que serão cuidadas. Não acreditam que sua família compreenderá.

Os traumas são parte da vida de todos nós. A maior questão não é o fato de sermos vítimas deles. E sim termos a capacidade de elaborar, aprender e criar mecanismos de identificar e evitar a repetição no futuro. Esse é o mecanismo de resiliência. Para isso, é necessário a presença de adultos saudáveis nas relações infantis. Um lugar de segurança que a os menores devem ter para aprender a lidar com a vida real. Só os adultos tem a capacidade de resolver e tomar as atitudes adequadas diante da situação. Portanto, o problema maior não é o fato de ser abusado, e sim o que os adultos pertencentes ao sistema interpretam e fazem com o problema, a criança e o abusador.

No trabalho terapêutico existem três instâncias a serem investigadas e trabalhadas. A primeira é avaliar o ambiente familiar que age como um terreno fértil para a ocorrência do abuso. A segunda é o abuso em si e quem está envolvido ativa e passivamente. O terceiro é a relação da vítima com seus familiares após o abuso.

Na primeira dinâmica é comum identificar sérias disfunções nas funções maternas e paternas. Em síntese, os pais não olham para as necessidades reais dos filhos. Isso ocorre por vários motivos. Por exemplo:

  • Pais infantilizados
  • Filhos vieram da falta e não do excesso de amor dos pais
  • Filhos vieram para substituir alguém ou para preencher a vida de um dos pais
  • Filhos com função de segurar o casamento dos pais
  • Filhos indesejados
  • Filhos para dar aos pais o que eles não receberam de seus próprios pais
  • Filhos para realizar os projetos pessoais dos pais

Na segunda etapa abordamos o ato do abuso. Quem, quando, onde e como ocorreu. Na maioria das vezes é alguém próximo, pertencente à família ou que convive com ela. É importante saber qual o vínculo com a criança e onde estavam os outros elementos da família. Pesquisar se foi um episódio esporádico ou estabeleceu uma rotina. Descobrir se havia alguém que deveria olhar e perceber a relação doentia e não o fez. Onde estavam os responsáveis pela criança? Em que lugar isso ocorreu? Qual foi o mecanismo utilizado para o abusador ter acesso e os meios que utilizou para executar o ato. Aqui temos a possiblidade de identificar as características doentias da família e as portas de entrada para ter o controle sobre a criança.

Os mecanismos costumam ser através de sedução ou autoritarismo. Pode começar com uma brincadeira e dar à criança algo que ela não tem e deseja. Pode ser atenção, carinho, diversão. Em vários casos, pode começar dessa forma e terminar com ameaças à integridade da criança, de irmãos, dos pais. Quais eram seus sentimentos, pensamentos e que atitudes gostaria de tomar e/ou tomou. Cada detalhe é fundamental para fazer o diagnóstico dos problemas emocionais que devem ser tratados para que o indivíduo consiga por fim aos abusos que se perpetuam nas relações adultas.

Na terceira fase investigamos a relação da vítima com seus cuidadores. Falou ou não com eles. Se o fez, quais foram as dinâmicas emocionais envolvidas na decisão de falar, como falou e como foi a reação desses adultos. Se foi ou não foi acolhido, cuidado e protegido. Vou citar alguns exemplos de respostas doentias dos responsáveis:

  • Culpar a criança pelo que ocorreu e pelo que ocorrerá, como destruição da família e/ou dos relacionamentos familiares. Frequentemente mantendo a convivência com o abusador
  • Esconder e fazer de conta que nada ocorreu
  • Fazer papel de vítima e por a culpa na criança
  • Ameaçar a criança que se falar com o outro genitor, em geral o pai, que ele irá bater, adoecer, morrer, matar, etc.
  • Perdoar e esquecer

O maior dano do abuso ocorre quando a vítima não encontra adultos saudáveis que se responsabilizem e solucionem a situação de forma necessária. Isso determina no abusador reações de autodestruição, culpa e perpetuação de seus abusos. Como não teve adultos adequados na infância, não conseguem desenvolver um adulto saudável dentro de si mesmo. Assim, a criança interna estará eternamente presa ao trauma e cairá frequentemente em relações abusivas do decorrer de sua vida. No fundo, permanecerá fiel à doença de sua família de origem.

É necessário que essas pessoas se conscientizem e busquem ajuda. O fato de poder falar com alguém que não a julgará é fundamental para retomar sua vida. Deixar a culpa, a vergonha e a responsabilidade dos abusos ao abusador e à família que não a acolheu no momento necessário. Chega de carregar a doença na alma enquanto os responsáveis ficam inocentes. Esta é uma postura de alma que tira sua criança do poder das pessoas doentes e dá a ela uma infância feliz. Agora esse adulto será o pai e a mãe que ela precisou. Seu adulto fará o que seus pais não conseguiram.  Poderá identificar como os abusadores entram na sua vida e fechar as portas para essas pessoas doentes. Cria seus anticorpos emocionais que impedem a repetição da doença.




Dr Fernando de Freitas